o ano de 2024 se iniciou e boa parte da hotelaria nacional está em festa, afinal os números obtidos tanto com a taxa de ocupação quanto com a receita de hospedagem no ano passado estão dentro dos planos realizados e em muitos casos superaram expectativas, sejam elas das regiões, sejam de hotéis de forma individual.
O que qualquer povo em qualquer época espera sempre será a prosperidade e a busca da tal felicidade, aliás é o que mais se busca nos dias de hoje e principalmente como fator externo e pouquíssimos como fator interno de suas vidas, por este motivo podemos esperar que os hóspedes busquem essa tal felicidade em itens como viagens, férias, hotéis, trabalho e estudo.
Brasileiros que somos e por termos tão pouca memória histórica (ou quase nenhuma), estamos sempre em busca desta prosperidade e felicidade de uma forma bastante ímpar, gostamos de mostrar aos demais o quanto estamos prósperos e felizes o que pode explicar os porquês de nossa hotelaria estar regozijada com os atuais números neste réveillon.
Com esta breve explicação, vamos então ao que elucubro como as tendências para o ano de 2024 em terras tupiniquins no que tange a vasta hotelaria nacional.
Falta de mão de obra.
Já faz algum tempo que o mercado vem alertando sobre esta questão, assim como já o fiz em outros artigos, o que podemos esperar é menos mão de obra disponível já que há um incremento das facilidades tecnológicas em conjunto com a depreciação das mentes.
Temos então a medição do Coeficiente de Inteligência mundial e o Brasil ficou com o 60º lugar tendo um QI médio de 83 pontos (veja em: dadosmundiais.com), este número, segundo o próprio criador do teste (Alfred Binet e Theodore Simon), caracteriza nossa nação como TORPES neste momento. Uma pessoa torpe intrinsicamente é contrária ou fere os bons costumes, a decência, a moral; que revela caráter vil; desprezível, indecoroso e infame; o que se assemelha em muito com grande parte de nossos governantes e políticos, o qual já nos acostumamos ao longo de décadas. Devemos entender que este QI é a média e isto nos diz que temos uma parte da população em níveis geniais e outra parte da população com debilidade mental.
Para o setor de RH esta população deveras apresenta desafios para a contratação e treinamento. Minha opinião pessoal é de que nossos governantes vêm tratando a educação de forma centralizada para que a população de forma geral seja desta maneira: Torpe, afinal de contas, quanto menor o intelecto, menores são os questionamentos sérios, assim já raciocinava Maquiavel.
Este fato demonstra que boa parte do novo contratado está ali, principalmente para ganho próprio, em pouco se importando com uma carreira ou com o seu legitimo progresso, afinal de contas é apenas mais um trabalho; fazendo que o turnover das empresas a cada ano seja maior.
Outro dado significante para a falta de mão de obra se trata do analfabetismo funcional que, segundo a última pesquisa do INAF (veja em: conjur.com.br) entre os formandos universitários, chega a 38%, ou seja, quase a metade de nossos “especialistas” que devem estar em cargos e níveis de liderança e/ou estratégicos, não conseguem interpretar textos ou seguir instruções o que influencia a cognição de dados estatísticos, matemáticos estratégicos, legais, operacionais e comerciais.
O problema que temos em mão, na atualidade é enorme, levará pelo menos duas gerações para reparar uma parte dela, afinal de contas o que esperar desta população que acredita que as dancinhas nas redes sociais os levam a prosperidade e felicidade.
O Turismo Instagramável
Em recente pesquisa (veja na revista época, uol notícias, entre outros) demonstrou que a busca da foto perfeita para divulgação em seu Instagram cada vez mais vem trazendo o super-turismo em vários destinos, o que não é diferente no Brasil.
Nossa realidade a tempos demonstra que a preocupação com o turismo é apenas para os holofotes ou para criação de taxa ou imposto que sustente os senhores feudais da política nacional, já a muito tempo que a infraestrutura necessária para melhoria e elevação do turismo como portos, aeroportos, estradas, iluminação, saúde e saneamento básico são relevados ao quase acaso e a imagem perfeita para a rede social é a busca constante.
Elevar o turismo ao super-turismo destrói o destino turístico, veja alguns casos neste último réveillon:
· Gramado/RS, segundo últimos dados foram 8 milhões de turistas nessa cidade contra uma população de pelo menos 40 mil habitantes;
· Ubatuba/SP recebeu pelo menos 1,3 milhões de turistas, contra uma população de 100mil habitantes.
Se compararmos com a população da cidade de São Paulo que compreende 12,2 milhões, logo temos ¾ da população paulista apinhada em Gramado, ou 10% desta população amontoada em Ubatuba, ambas cidades com infraestrutura a desejar, ruas superlotadas, mais de 8 horas de trânsito para percorrer 100km, praias e parques sem espaço para sequer caminhar e moradores descontentes com estes excessos.
A cidade de Veneza na Itália, tem estimativa de redução de residentes pelo motivo do super turismo, pode deixar de existir até 2030 ficando as construções apenas para uso turístico, esta perspectiva foi demonstrada pela redução do número de negócios como bancas de frutas e jornais. Já há em certos destinos deste turismo Instagramável uma ação da população para que o número de turistas seja controlado e reduzido, afinal de contas este tipo de turismo acaba destruindo a natureza e sustentabilidade local.
Como não podemos esperar outra coisa senão taxações e impostos dos governos e governantes nacionais a tendencia é de que nestes locais com cada vez mais pessoas em busca da foto perfeita para suas redes sociais mudarão por completo estes destinos.
Novas tecnologias e IA
Para suplantar as consequências que nos trazem tanto a falta de mão de obra quanto a grande procura por destinos, o mercado deve se adaptar. Logo as novas tecnologias como códigos para abrir portas no lugar de entrega de chaves, preenchimento automático de ficha de registro, pagamentos on-line, check-out automático, totens de atendimento, assinatura eletrônica de contratos, robôs para reservas, robôs para o auxílio de limpeza, e o uso da inteligência artificial para fechamento e busca de clientes devem ter alta a partir deste ano, afinal a aplicação de tecnologia reduz o número de funcionários, assim como, gera novas formas de empregabilidade das pessoas; antes do advento do computador nos hotéis, os setores de recepção e administração tinham muito mais funcionários, um hotel com 100 UH’s precisava de pelo menos dois funcionários por turno, hoje, em sua grande maioria apenas um funcionário por turno é necessário.
A exemplo de Berlim (cidade alemã), hotéis já não dispõe de funcionários a noite para equipes de recepção. Uma tendencia que em breve poderá estar nos meios de hospedagem nacional. Isto se deve ao aumento constante de impostos e encargos trabalhistas deixando salários mais baixos para quem recebe e mais alto para quem paga.
Contudo, e entendedores entenderão, não há IA que suplante a perspicácia e análises humanas, afinal de contas, o nome bonito da inteligência artificial ainda não se trata de “consciência” artificial, logo, suplantar o cérebro humano será muito difícil, eu diria que é impossível, esta tecnologia que foi criada nos idos de 1970 para acelerar cálculos e tomada de decisões automáticas para grandes maquinários que, por conta da consciência e sentimentos humanos, muitas vezes induziram ao erro e a graves acidentes. Esta nova tecnologia atrelado aos novos aplicativos e controladores de maquinas facilitarão o trabalho humano onde a razão e o raciocínio poderão ser ampliados sem que nos deixemos transformar em autômatos, já há vislumbre desta tecnologia desde a daquela época nas séries de ficção cientifica como “jornada nas estrelas” onde a IA é amplamente utilizada para cálculos, tomada de decisões automáticas como ajuste de direção, controle de elevadores por voz, ajustes ambientais para melhor atender as necessidades humanas, até mesmo o preparo de alimentos e cura de doenças, contudo o ser humano ainda é o responsável pela pesquisa, desenvolvimento, estratégias e gerenciamento.
Tomemos como exemplo as questões relativas à flutuação tarifária, o desenvolvimento desta com certeza será suplantada pela IA, contudo, a decisão de estratégias será do tomador de decisões que é o Gerente Geral, o qual não há como suplantá-lo por máquinas.
Estamos às portas de um maravilhoso mundo novo? É muito certo que sim, o que se faz necessário que evoluamos como seres humanos conscientes e não apenas nos fazermos escravos da tecnologia, afinal de contas, que diferença há entre os egípcios e gregos da antiguidade e as pessoas deste século 21?
Mario Cezar Nogales é consultor especializado em hotelaria e conta com experiência no ramo desde 1989, sendo autor de sete livros técnicos em hotelaria.
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