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Dispenser na Hotelaria: o erro silencioso que pode custar caro

Dispenser na Hotelaria: o erro silencioso que pode custar caro

Por: Mario Cezar Nogales

Sabão Dispenser

É inegável que o uso de dispensers para amenities se tornou quase uma unanimidade no mercado hoteleiro. Hoje, praticamente todas as redes e marcas — nacionais e internacionais — já adotaram o sistema, seja por exigências de suas políticas ESG, seja pela busca por práticas mais sustentáveis e econômicas. Reduzir o volume de lixo, minimizar embalagens plásticas e cortar custos operacionais de hospedagem foram, sem dúvida, avanços importantes dos últimos dez anos na hotelaria.

 

Mas há um problema grave — e quase ninguém quer falar sobre ele.

Enquanto algumas marcas de prestígio, como Natura, O Boticário e L’Occitane, oferecem produtos específicos em embalagens lacradas e sem reposição manual, a maioria dos meios de hospedagem realiza a reposição dos dispensers com galões adquiridos a granel. E é justamente aí que mora o risco — um erro técnico e sanitário sério, que pode colocar o hotel em situação de irregularidade perante a ANVISA.

 

A manipulação química exige normas — e a hotelaria não está isenta

Muitos gestores parecem ignorar que a manipulação de qualquer produto químico, inclusive cosméticos e sabonetes líquidos, está sujeita às mesmas regras aplicadas à indústria e ao setor alimentício. Assim como há protocolos rigorosos para diluição de produtos de limpeza ou para o fracionamento de carnes em cozinhas industriais, também há normas claras sobre como deve ocorrer a reposição de produtos nos frascos dispensers.

 

Esse procedimento não pode ser feito na copa ou na lavanderia, como se vê em muitos hotéis. A reposição deve ocorrer em ambiente exclusivo, higienizado, com controle de contaminação, e executada por equipe devidamente treinada e equipada com EPI’s completos: luvas, máscaras, aventais e protetores.

 

Além disso, os frascos precisam ser lavados e completamente secos antes de receber o novo produto — o que raramente é observado. Mesmo seguindo todos esses protocolos, a substituição dos frascos deve ocorrer, obrigatoriamente, a cada três meses ou após seis ciclos de reposição, conforme recomendações sanitárias.

 

Descuido que vira risco jurídico

Ignorar essas normas pode ser considerado infração sanitária grave. A ANVISA fiscaliza esses processos e tem autoridade para autuar e até interditar estabelecimentos que descumpram os padrões de manipulação de cosméticos. Já houve casos concretos de fechamento temporário de hotéis por falhas nesse controle.

 

E há um agravante: em tempos de cofres públicos sedentos por novas receitas, qualquer deslize é uma brecha para autuação. O atual cenário regulatório é cada vez mais punitivo — e não há espaço para amadorismo.

 

A solução está no mercado — e não é apenas marketing

Dispenser Cerâmica ou Aluminio

Felizmente, a tecnologia já oferece caminhos seguros e em conformidade com as práticas ESG. Fabricantes sérios vêm desenvolvendo sistemas de dispenser com refis lacrados, que eliminam o risco de contaminação e o manuseio direto do produto. Um exemplo é a Harus Soluções em Hospitalidade, que dispõe de modelos certificados, de fácil substituição e alinhados tanto à sustentabilidade quanto às exigências sanitárias.

O investimento pode parecer maior no curto prazo, mas evita riscos jurídicos, prejuízos reputacionais e autuações caras. ESG sem segurança sanitária é apenas discurso.

 

O dispenser veio para ficar, mas precisa ser levado a sério

Os dispensers são uma tendência irreversível. A hotelaria moderna precisa deles — e o hóspede também espera isso. Contudo, sustentabilidade não pode ser confundida com improviso. Fazer certo custa mais, mas custa menos que uma interdição.

No fim das contas, não é apenas uma questão de economia ou ecologia — é gestão responsável, técnica e legalmente segura.

 

Mario Cezar Nogales

Consultor especializado em Hotelaria, professor e pesquisador do setor.

Fundador da SN Hotelaria Consultoria Especializada, atua há mais de duas décadas em projetos de gestão, reposicionamento e reestruturação de empreendimentos hoteleiros em todo o Brasil.

Articulista em revistas e portais voltados à hotelaria, com foco em eficiência operacional e valorização do empresário hoteleiro.

 

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